quarta-feira, março 03, 2010

Título, Guus Hiddink e Ukra

Depois desta jornada a luta pelo campeonato est· definitivamente a dois. Com um FC Porto Tetracampe„o a vacilar neste campeonato de luta pelo segundo Penta, sobra um SC Braga que apesar de muitos contratempos ainda se mantÈm pelo topo, a acompanhar um Benfica que joga com alma e "a correr", como diz Manuel JosÈ.
Algo se passa no reino do Drag„o, atÈ faz lembrar a Època depois da conquista da Liga do Campeıes. Com jogadores a saÌrem por valores astronÛmicos para os maiores clubes da Europa, outros ficaram mas queriam o mesmo - leia-se - melhores sal·rios. Um clube como o FC Porto n„o pode competir contra os gigantes europeus, nem mesmo contra o Lyon, que paga ao Lisandro o maior sal·rio da liga francesa. Algo se passa quando uma equipa empata com o Leixıes, apesar do penalti n„o assinalado, porque n„o quis ganhar desde o primeiro minuto e depois bate-se de ombro-a-ombro com o poderoso Arsenal, acabando por ganhar com sorte, ou aselhice alheia, e mestria. Algo se passa e de muito mal, quando se ganha por 5-2 e passadas apenas umas semana se perde por 0-3 com o mesmo advers·rio.
Est·vamos habituados a serem os mais velhos a puxarem pelos mais novos na equipa, este ano È exactamente o contr·rio. Para mim isto È mais um sinal de que algo de muito mau se est· a passar dentro daquele balne·rio. Com jogadores como Varela, Falcao e mais recentemente R˙ben Micael a levarem a equipa ·s costas percebe-se o que estou a dizer. Onde est„o os ìexperientesî Bruno Alves, HÈlton, Fucile e principalmente Raul Meireles. Esperava-se que esta Època fosse a da afirmaÁ„o plena dele. Com Lucho fora, todos os crÈditos seriam para Raul Meireles. Mas ao que parece apenas na SelecÁ„o Raul Meireles mostra o seu valor. Ou o fardo que lhe foi entregue È demasiado para a sua camioneta, ou quer desesperadamente ir ao Mundial a ver se alguÈm lhe ìpegaî. MÈdios como ele existem aos magotes e todos os bons clubes est„o bem servidos. Ou ainda lhe acontece como o Sim„o e Paulo AssunÁ„o e v„o para o AtlÈtico de Madrid encher os bolsos e n„o lutar por coisa nenhuma.
Estes s„o factores que valem a pena pensar. No entanto h· que perceber que todas as equipas passam por ciclos, uns positivos, outros nem tanto, acabando por ser normal isto acontecer. Uma equipa ser Tetracampe„ È que n„o È normal, muito menos Penta e ainda para mais em duas ocasiıes em t„o poucos anos. SÛ num campeonato como o nosso onde parece que cada ano sÛ tem uma equipa a jogar. Nas ˙ltimas dÈcadas tem sido o FC Porto. Tem sido campe„o com larga margem de pontos na maioria das vezes. Este ano caminha-se no mesmo sentido. Com o Benfica bem melhor que os restantes, em termos de jogo jogado. Cedo o Sporting descolou e o FC Porto nunca mostrou competÍncia de acompanhar o ritmo do Benfica. Para bem da competitividade, apareceu um SC Braga muito forte, dando continuidade aos bons desempenhos nos ˙ltimos anos, acrescentado neste, uma regularidade fant·stica, que n„o pode estar alheia o facto de ter sido afastado precocemente das competiÁıes europeias. Para quando um campeonato a trÍs ou a quatro ou cinco? Temos de ter apenas uma equipa a jogar ‡ bola e as outras a jogar aos repelıes, como este ano FC Porto e Sporting?
Isto tudo para tentar perceber quais s„o os factores que levaram a um desaparecimento de querer e vontade na equipa do FC Porto. Claro que o Sporting tambÈm È boa equipa. Claro que n„o foi marcado aquele penalti sobre o Falcao quando ainda estava 1-0- Claro que houve falta sobre Mariano e sÛ assim houve cruzamento que deu o 2-0. Mas tambÈm È clara a falta de ambiÁ„o e motivaÁ„o. SÛ assim se explica esta inconst‚ncia exposicional.


Hoje disputa-se o primeiro de quatro jogos de preparaÁ„o para o Mundial. Muitos j· disseram que era um teste contra o desconhecido, fazendo uma analogia entre chineses e coreanos. Afinal para os ocidentais, n„o passam de pessoas com olhos em bico e todos iguais. Em 2010 n„o deveriam aparecer selecÁıes desconhecidas. Com tanta tecnologia de informaÁ„o como nunca houve, isso nem deveria ser mencionado. Afinal estamos a falar de gentes que n„o conseguem conceber t·xis sem tvís nos acentos.
Esse segundo jogo pode ser importante para a passagem ‡ fase seguinte, mas para isso Portugal tem que ganhar, ou empatar (dependendo das incidÍncias do jogo) ‡ Costa do Marfim. Pode ser este o grande problema. Com uma CAN para esquecer, e depois de despedirem o seleccionador, fala-se em Guus Hiddink para a Costa do Marfim. Que grandes jogadores j· todos sabemos que tÍm, mas agora com alguÈm que os pode mesmo por a jogar como equipa È que tem que ser interpretado por Portugal como um grande problema.
Vamos ter confianÁa na vontade lusa e apoiar a SelecÁ„o.


Por fim quero destacar um jovem jogador. N„o que ele tenha sido brilhante na ˙ltima jornada, mas merece em meu entender este destaque pela regularidade de boas exibiÁıes que tem tido ao longo desta Època. Falo de Ukra, extremo do Olhanense emprestado pelo FC Porto. Numa equipa que est· de volta ao principal escal„o do futebol nacional depois de muitos anos de ausÍncia, logo com pouca experiencia, È este o jogador que mais boas exibiÁıes tem conseguido pelo conjunto algarvio. Ainda n„o consegue ser ele a liderar o ataque em todos os jogos, mas isso vem com a experiÍncia. Nota-se que È um elemento que emprega um toque de classe ‡quela equipa. Por vezes um elemento estranho devido ao seu toque-de-bola refinado. Quando por vezes a equipa n„o tem outra soluÁ„o e manda a bola para qualquer lado longe da sua defesa, Ukra procura sair a jogar. Claro que numa equipa com uma defesa muito fraca, com um guarda-redes de qualidade mas ainda ‡ procura de afirmaÁ„o, cometendo uns deslizes prÛprios da inexperiÍncia e o mais importante, sem uma referÍncia de ·rea capaz de finalizar as oportunidades criadas, um jogador como Ukra tem mais facilidade em se destacar. Mas n„o se pense que esta equipa È bola pr· frente e fÈ em Deus. Apesar da falta de maturidade competitiva, pratica um futebol agrad·vel, ‡s vezes demasiado optimista o que a leva a dissabores por querer atacar sempre.
Se n„o tiver contratempos com lesıes graves e se mantiver o nÌvel de concentraÁ„o e de crescimento futebolÌstico estamos perante um futebolista de dimens„o mundial.


Henrique Rocha

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