sexta-feira, março 19, 2010

Comentadores, Mourinho e Renteria

A forma como se transmitem as ideias, sejam elas vindas de treinadores, jogadores e jornalistas ou comentaristas visam influenciar o ouvinte ou leitor. Se os treinadores usam a comunicão social, tanto para "falaram" com os adeptos, como para "dentro" do clube, sejam eles jogadores ou dirigentes. Se os jogadores têm um discurso pouco elaborado, dizendo praticamente a mesma coisa, "temos de levantar a cabeça", "vamos olhar em frente", "continuar o bom trabalho", etc. Se os dirigentes estão sempre a arranjar desculpas para os insucessos. Tudo isto È esperado e compreensível.
O problema é quando os jornalistas t|em a lão estudada ao ponto de serem parciais nas suas funções. Neste blog já foi referido a falta de rigor e conhecimento futebolÌstico por parte dos jornalistas que est„o a relatar e comentar jogos em directo. Se um clube está ganhar está tudo bem, mas se de um momento para o outro se vê a perder, o comentrário já vai no sentido da negatividade. Este tipo de análise superficial é de todo desnecessária, para isso mais vale ficar calado. O que interessa aos espectadores são análise aos sistemas de jogo, porque é que uma equipa está a jogar melhor que a outra, o que é necessário para a outra equilibrar o jogo. Comentários tipo LuÌs Freitas Lobo.
Há um "doutor" da bola que agora comenta jogos em directo. Um tal da verdade desportiva. Nunca vi pior. Se depois dos acontecimentos ele até nem é mau a analisar os casos do futebol português, embora tendencioso, em directo é que se vê a falta de cultura futebolÌstica. Recomendo a leitura de manuais de futebol e ver muitos jogos. Parece que a experiencia que diz que tem não lhe serve para nada.
Outra coisa que me deixa fora do sério são comentários do género: "istá um tudo nada adiantado", isto para desculpar a não marcalão de um fora-de-jogo, ou "está claramente em jogo", para incriminar a marcação do fora-de-jogo. Em ambos os casos reparo que é a mesma distância para o defesa. Se isto não é ser tendencioso é mau jornalismo, ou as duas coisas.
Se calhar até os árbitros ouvem os comentários pelo rádio que têm em todos os jogos e que eu pensava que era só para comunicarem entre si. Se calhar È por isso que está época para certos clubes o jogador está sempre fora-de-jogo e para outros não.

Muito se tem falado da boa época do SC Braga, já conseguiram bater alguns recordes: maior número de vitórias consecutivas num início de campeonato, maior número de vitórias num campeonato, maior número de pontos num campeonato (e ainda faltam algumas jornadas para o fim, oito). Há quem diga que é por terem sido eliminados da Liga Europa ainda na fase pré-eliminar. O facto é que conciliar uma boa prestação interna com uma boa campanha europeia não é para todos. Normalmente ou é uma ou outra, mesmo para os melhores clubes europeus. Veja-se o caso do Liverpool, que há muito não ganha um campeonato e já ganhou a Liga do Campeıes entretanto e é este ano o mais sério candidato à Liga Europa, já que é a única competição que ainda pode vencer. Há também o inverso, como o Barcelona o ano passado, mas são mais os exemplos do contrário do que deste.
A nível interno temos o caso do Sporting que está em boa forma devido ao facto de só ter tido a Liga Europa para disputar e dar alguma competitividade. Foi nessa prova que eles conseguiram recuperar animicamente e praticar o futebol que merecem. Infelizmente foram eliminados pelo Atlético de Madrid, sem contudo averbarem nenhuma derrota, os golos fora é que decidiram a eliminatória. A equipa ressentiu-se das expulsões do jogo da 1ª mão e teve de actuar com uma defesa inédita. Sendo o ataque a única força do Atlético de Madrid, o Sporting não podia ter mais azar, ainda por cima com um Aguero inspirado. Mesmo assim e com Ismailov fora do jogo por motivos que se especula serem de natureza disciplinar, a equipa deu boa resposta, falhando apenas na finalização.
Um facto que não pode ser deixado de parte nesta reflex„o sobre a equipa leonina, são os actos de indisciplina que esta época não podem ser dissociados dos fracassos desportivos. Casos de Vukcevic, Liedson, Sá Pinto e agora de Ismailov têm que ser bem analisados pelos dirigentes para que não voltem a acontecer. Isto é um sinal claro que a equipa não está equilibrada a nível de relacionamento humano, para além do puramente técnico, que também não está bem, mas neste caso não é tão importante. Perceber que um clube só tem sucesso com equipas unidas é a chave da vitória.
Já o Benfica depara-se com um dilema muito grande. Com a boa equipa que têm e a praticar um futebol muito bom, têm agora de disputar todos os jogos nos limites e esperar não quebrar na liga portuguesa, já que é uma prova de regularidade.
Muito se tem falado nas prioridades desportivas do clube, sinceramente não consigo perceber como é que determinadas pessoas possam pensar que tal coisa acontece no ceio da equipa da Luz. Um clube como o Benfica, com toda a sua história de sucesso, não pode querer apostar numa só prova, principalmente quando já chegou tão longe na Liga Europa, pensar assim é pensar à clube pequeno. Contudo é preciso abordar um jogo de cada vez e com espÌrito competitivo, coisa que esta época o Benfica não tem vacilado.
Vêm aí uma final, que certamente o Benfica quer ganhar. Não vale a pena dizerem que é uma competição secundária, aliás é o único título que o Benfica pode manter em sua posse. Se o ano passado fizeram de tudo para a ganhar, e ainda para mais tiveram uma ajuda extra do senhor árbitro, não me parece que a vá desvalorizar este ano. Uma Taça da Liga pode não valer de muito, mas junta a um campeonato e possivelmente a uma Supertaça, pode ser a cereja no topo do bolo, para não falar da Liga Europa, onde actualmente o Benfica tem sérias hipóteses de vencer, assim a encare como tal.
Mais um exemplo desta teoria é o Inter de Mourinho. Com o treinador português na bancada, perdeu uma enormidade de pontos nas últimas jornadas, mas na Liga dos Campeıes conseguiu eliminar um dos grandes favoritos.
Assim se prova que o futebol, sendo um jogo de emotividade e de momento, pode também ser muito bem preparado, até a nível cientifico, para que as equipas tenham sucesso. Sobrecarga de jogos leva a fadiga física mas sobretudo a fadiga mental. Principalmente em jogos de menor carga competitiva. Por isso é que se diz que os campeonatos se ganham com as equipas "pequenas". O Inter este ano não poderia ser melhor exemplo disso.


Queria destacar aqui a titularidade de um jogador que a época passada foi muito importante para a boa carreira do SC Braga de Jesus. Renteria teve contra o Rio Ave uma participação discreta, mas fundamental na movimentação minhota. Ao contrário do habitual titular, Renteria consegue segurar e progredir com a bola em drible, criando novos espaços para os companheiros. Apesar do remate de Madrid ter sido desviado por um defesa e traído o guarda-redes no lance do golo, foi pela movimentação e visão de jogo de Renteria que o SC Braga arranjou espaço para rematar. Numa altura em que é cada vez mais difícil ao SC Braga construir jogadas de perigo, pode ser que com este jogador elas voltem a aparecer e permitir ao SC Braga lutar pelo título até ao fim.


Henrique Rocha



Por favor deixem os vossos comentários, terei todo o prazer em responder.

1 comentário:

  1. Eu concordo contigo, quando dizes que os comentadores às vezes não têm conhecimentos futebolísticos para estarem a comentar um jogo visto por milhares de pessoas, mas a realidade é que, as televisões dão às pessoas o que eles querem ver, neste caso, ouvir. E isso infelizmente não são tácticas, tecnicalidades, mas sim opiniões populistas sobre jogadores, dirigentes, agressões, polémicas e o prestação dos intervenientes em geral.

    Give the people what they want...

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