terça-feira, janeiro 26, 2010

PUNHOS DE LEÃO, TAÇA DA AMIZADE E RÚBEN MICAEL

1 – Nesta semana que passou “houve taça”. Esta expressão normalmente significa que uma equipa mais pequena ganhou a um grande. Bem, na passada quarta-feira não foi bem isso que aconteceu. Mas depois de trinta penaltis e umas cenas de pugilato no balneário do Sporting, esta expressão cai como uma luva, se entendermos a expressão como um acontecimento improvável.
Toda a gente é unânime em afirmar que o Sporting está em ascensão. Com uma série de vitórias consecutivas que não deixam desmentir, e até um acréscimo de qualidade nas suas exibições. Mas quem parece estar cada vez em melhor forma é Ricardo Sá Pinto e por arrasto a direcção do Sporting, nomeadamente o seu presidente, mas não necessariamente pelos melhores motivos.
Com um passado que fala por si, Sá Pinto desta vez usou de um novo método no dirigismo desportivo português. Chutou as palavras para canto, arregaçou as mangas e partiu para uma demonstração de poder para cima do Levezinho. Nem quero imaginar uma luta tão descompensada como esta. De um lado, um peso pesado como Sá Pinto, invencível em combates deste género, nem contra um seleccionador nacional. Do outro lado, Liedson um peso pluma que se manda para à “piscina” ao mínimo encosto ou bafo de um qualquer adversário.
Agora só um à parte. Será que o Sá Pinto se meteria em cenas de pugilato com Scolari se ele fosse o seleccionador nacional na altura? Depois do que o vimos fazer para defender o miníno (Quaresma), seria o embate do século.
Retomando o assunto. Já se sabem as consequências desses lamentáveis acontecimentos. Sá Pinto fora do Sporting, onde em tempos era o único lugar em que Paulo Bento o queria ver, e Liedson a resolver mais um jogo. Tudo está bem quando acaba bem. A menos se pensarmos que um jogador responder em maneiras menos próprias a um dirigente seja algo de grave. Que tal facto enfraquece a direcção e dá a um jogador poderes que se pensava não os ter. Será que aos notáveis de Alvalade agora também tem que se somar o Levezinho? Será que vai ser ele a indicar o próximo presidente do Sporting Clube de Portugal? Multa? É isso que vai acontecer? E o vândalo é o Sá Pinto, que nesta história toda foi o único que defendeu o Sporting, à sua maneira, mas foi o único.
Claro que a única coisa que os sócios e adeptos do Sporting querem ver é vitórias e esquecem qualquer incidente que possa ter acontecido. Mas será que uma direcção tem os mesmos pensamentos? A mim não me parece que uma equipa vencedora se construa em indisciplina. Mas isso é coisa para a nação sportinguista se preocupar. A mim, como português, o que me preocupa é que jogadores como este, que mal trata os adeptos, fazem parte de uma Selecção que vai ao Mundial. Com os acontecimentos de indisciplina há muito associados à Selecção Portuguesa em fazes finais, estou para ver como vai correr esta campanha que não se adivinha nada fácil por terras sul-africanas. Será que é destes jogadores que queremos ver na nossa Selecção? Mas mais uma vez vem a velha teoria, o que importa são as vitórias.

2 - Os suspeitos do costume estão mais uma vez nas meias-finais da Taça da Liga. Juntando-se uma sempre simpática Académica, agora com um treinador mediático o que ajuda a vender a prova.
Será esta uma taça que valha a pena ter num país como o nosso? Uma taça em que os principais protagonistas da primeira divisão aparecem de rompante e disputam uma fase de grupo às pressas? Uma taça que protege quem já é grande? E que é feito das equipas pequenas? Como é que é possível elas aprovarem uma taça como esta? Uma taça que por si só já é uma aberração e que ainda por cima tem regulamentos dúbios e outros completamente idiotas. Uma taça onde é permitido tudo aos árbitros, desde cabeçadas que são mãos, foras-de-jogo de quilómetros, para não falar na final do ano passado que foi uma vergonha, sem que nada lhes aconteça? Não admira que já lhe chamem a Taça da Amizade.
Não seria melhor que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional organizasse uma competição em que todos seriam tratados com o mesmo respeito? Se calhar isso ajudaria a uma maior credibilização da prova, chamaria mais gente aos estádios e daria naturalmente mais lucros, para todos, e não apara os mesmos. Uma taça sem estes condicionalismos e que fosse realizada com sorteio livre. Todos iguais e não uns mais iguais do que os outros.
Mas se quisermos ser mais competitivos e ajudar a melhorar este futebol, que tal por os clubes melhor classificados na época anterior a jogar fora? Que tal começar a competição com todos os clubes ao mesmo tempo? Fazer desta, a prova que inicia a época? Já que é para as equipas rodarem jogadores, não vejo melhor altura para se fazerem esse tipo de experiencias do que em começo de época.
Todas estas medidas ajudariam a melhor esta competição, desprezada pela maioria e só valorizada por quem já não tem mais nada para ganhar. É que a continuar assim, continua a ser uma competição com apenas dois jogos interessantes. Uma meia-final (a única disputada entre dois grandes) e a final, que se for como a do ano passado, não tem interesse nenhum.


Jogador em Destaque

Rúben Micael é neste momento o jogador em destaque no nosso futebol. Depois de muito se especular para onde ele iria parar nesta abertura de mercado, com clubes como o Sporting a encabeçarem essa vasta lista, com o Benfica também interessado e alguns clubes ingleses, acabou por ingressar no FC Porto.
Para as hostes portistas, em boa hora o fez. Eu partilho da opinião de que é um bom reforço. Isto porque é notório que o sector em que o FC Porto tem estado menos bem é o meio-campo, nunca conseguindo uma estabilidade de jogo até ao momento. Como todos sabem, é no meio-campo que se discutem os jogos, é onde se organiza a equipa, se pauta o jogo, se fazem as transições, e se uma equipa tem um meio-campo fraco, muito dificilmente consegue uma consistência de jogo, logo de vitórias, para chegar ao fim do campeonato em primeiro.
Aqui é que entra Rúben Micael. Um jovem português, ainda com enorme margem de progressão, o que encaixa na politica de aquisições mais recente do FC Porto. Mas acima de tudo, um bom jogador. Um jogador do tipo que não precisa de tempo de adaptação, um jogador inteligente, que segura bem a bola e passa frequentemente com precisão, como o demonstrou no primeiro jogo que fez com a camisola do FC Porto, em que obteve uma média de 94% de passes certos (segundo estatística d’O Jogo).
Até agora tudo bem, mas o que fazer com os outros médios do plantel? Com a táctica actual de Jesualdo Ferreira só cabem três jogadores a meio-campo. Ora, o FC Porto tem actualmente oito jogadores para essas três vagas (Fernando, Prediguer, Raul Meireles, Belluschi, Valeri, Tomás Costa, Guirin e agora Rúben Micael). Ao ir buscar este jogador ao Nacional da Madeira o F.C. do Porto dá um sinal de que a maior parte destes jogadores, que não foram assim tão baratos, principalmente porque não têm o rendimento esperado, não fazem parte das escolhas válidas para a equipa. A questão é, o que fazer com estes jogadores? Para não perguntar como é que foram lá parar. Problemas de adaptação toda a gente tem quando muda de clube, principalmente quando se muda de estilo de futebol. Mas este problema é ultrapassado com tempo e com o conhecimento das rotinas de jogo, quer do clube, quer do próprio país. Mas o que acontece actualmente é que esse tempo há muito se esgotou, principalmente para jogadores que já estão cá há ano e meio.
Contudo não creio que a fraca prestação da equipa se deva só a problemas com estes jogadores do meio-campo. Uma equipa tem que ser vista como um todo, assim como um plantel tem que ser construído e desenvolvido como um todo. O facto de o FC Porto integrar no seu plantel principal onze jogadores novos para esta temporada, não pode ser alheio a esta falta de resposta da equipa. Repito, onze jogadores. Sim… dava para fazer uma equipa nova, e juntando agora o Rúben Micael, já são doze.
Esperemos agora para ver como é que este jogador vai encaixar no esquema habitual da equipa, pois não me parece que Jesualdo a vá alterar para 4-4-2. As indicações que deixou contra o Estoril foram bem positivas, mesmo com uma equipa de segundas linhas, portanto, sem o entrosamento necessário. Como uma equipa tem que ser avaliada no seu todo, os outros jogadores de campo têm um papel importante na sua adaptação e rendimento, assim como ele pode influenciar positivamente o rendimento de outros, como é o caso de Belluschi que está em crescendo de forma. Falo deste em particular porque me parece que pode beneficiar ao jogar ao lado de um jogador como o Rúben, bem mais do que com Raul Meireles, já que aquele é mais um pensador de jogo do que um jogador de transições rápidas.

Sem comentários:

Enviar um comentário